Os pesquisadores reexaminaram a idade de vários manuscritos do Mar Morto e descobriram que alguns textos bíblicos podem ser do mesmo período de seus autores originais.
O estudo, liderado por Mladen Popovic e sua equipe na Universidade de Groningen, é baseado em resultados preliminares de datação por radiocarbono de 30 fragmentos de pergaminhos encontrados em quatro locais ao redor de Qumran.
Antes dos testes, a equipe removeu cuidadosamente o óleo de rícino, uma substância usada na década de 1950 para preservar manuscritos, a substância poderia interferir nos resultados da datação por radiocarbono.
Os resultados confirmaram que, embora duas das amostras fossem mais recentes do que o esperado, a maioria era mais antiga do que a datada anteriormente, e algumas delas coincidiam diretamente com a época de vida dos autores bíblicos.
Além dos testes físicos, os pesquisadores usaram um modelo de aprendizado de máquina chamado Enoque, treinado em imagens digitais de marcas de tinta de 24 textos datados por carbono. Quando Enoque foi testado em amostras adicionais, a datação correspondeu aos resultados de radiocarbono em 85% das vezes e frequentemente forneceu estimativas de idade mais precisas.
Quando aplicado a 135 pergaminhos sem data anterior, a datação foi bem-sucedida em 79% das vezes, em linha com as estimativas dos especialistas.
Enoque também ajudou a revelar a sobreposição no uso das escritas hasmoneu e herodiana e mostrou que textos como Eclesiastes e o fragmento de Daniel 4Q114 provavelmente foram escritos mais perto da época de seus autores.
O aprendizado de máquina tem uma vantagem sobre os métodos tradicionais que exigem amostras físicas parcialmente destruídas durante os testes. Enoque oferece uma alternativa que preserva a integridade desses textos raros.
“Existem mais de 1.000 manuscritos do Mar Morto, então nosso estudo deu um importante passo”, disse Popovich.
A professora Joan Taylor, do King's College London, disse que as descobertas desafiam suposições anteriores sobre o papel de Qumran na produção de pergaminhos.
No entanto, o Dr. Matthew Collins, da Universidade de Chester, pediu cautela, ressaltando que a datação por radiocarbono reflete a idade de um pergaminho, não necessariamente o momento em que foi escrito, e expressou preocupação com a variedade limitada de dados do estudo, ele reconheceu o modelo como uma adição valiosa às ferramentas disponíveis para datar manuscritos.