Entre as montanhas ensolaradas pelos raios do sol em um verão descomunal, os passos quebravam o silêncio pelo barulho das folhas secas se partindo, as poças d'água naturalmente criavam grandes reservatórios para os animais terrestres correndo pela vegetação íngreme.
O vislumbre das sombras dava a sensação dos olhares vigilantes observando o lento caminhar, a propósito, um único objetivo o fizera carregar a pesada mochila nas costas, buscar o tão sonhado e desejado silêncio.
Vivera na cidade por anos, bombardeado por inúmeros barulhos, se desgostou de tudo largando uma outrora vida corrida por uma mais simples, pedira as contas do emprego e pôs em mente largar toda lubricidade que vivera até ali.
Se via preso pelo cansaço do ar poluído, noites mal dormidas e uma irreparável perda de memória, agora estava ali sentindo em sua face o ar fresco. Um sorriso cínico formou-se em teu rosto abatido pelo tempo perdido.
Armou uma barraca para enfim deitar-se e presenciar pela primeira vez em toda tua vida o silêncio da madrugada, não havia carros, gritos ou os pedestres dialogando. Somente havia silêncio, desprendeu todo o equipamento com a ansiedade de conhecer o novo.
As horas foram passando com a chegada da lua regendo a noite estrelada, abriu a barraca e fechou os olhos com o sentimento aprazível, deleitou-se em um sono profundo para nunca mais acordar.