O exorcismo assustador de Roland Doe, a verdadeira história por trás de 'O Exorcista'. Mistério Resumo.

 

O exorcismo assustador de Roland Doe, a verdadeira história por trás de 'O Exorcista'.

Em 1949, um grupo de clérigos realizou um rito de exorcismo em um jovem conhecido como Roland Doe, também chamado Ronald Hunkeler. Este acontecimento aterrorizante serviu de base real para o filme 'O Exorcista'.


Localizada no idílico bairro de Bel-Nor em St. Louis, Missouri, há uma elegante residência colonial em Roanoke Drive que já foi a casa de um jovem identificado como Roland Doe ou, alternativamente, Robbie Mannheim ou Ronald Hunkeler.


À primeira vista, a casa parece comum, com a fachada de tijolos e venezianas brancas emoldurando as janelas. Árvores e arbustos grandes meticulosamente mantidos adornam o jardim externo.

No entanto, esta casa é mais do que apenas uma residência. Uma das histórias mais horríveis que se tornou um mito urbano na história dos Estados Unidos, transformou este lugar em uma referência de terror e foi a verdadeira base para o filme ‘O Exorcista’.

A casa em St. Louis que já abrigou Roland Doe, vista em 2015.
A casa em St. Louis que já abrigou Roland Doe, vista em 2015.

A vida conturbada de Roland Doe que inspiraria o filme ‘O Exorcista’

A origem da verdadeira história por trás de ‘O Exorcista’ se passa no final da década de 1940, nos subúrbios de Washington, DC, dentro de uma família de ascendência germano-americana.

O filho de 13 anos, provavelmente chamado Ronald Hunkeler (mais tarde apelidado de "Roland Doe" ou "Robbie Mannheim"), ficou atolado em tristeza após a perda de sua amada tia Harriet. Harriet era uma médium que o havia instruído em vários assuntos, inclusive como usar um tabuleiro Ouija.

No início de janeiro de 1949, logo após a morte de Harriet, Ronald Hunkeler começou a ter experiências incomuns. Ele ouviu ruídos de arranhões vindos do chão e das paredes de seu quarto. A água vazava dos canos sem motivo aparente. O mais perturbador era que sua cama parecia se mover sozinha.

Alarmada, a família de Ronald recorreu a vários especialistas em busca de respostas. Procuraram médicos, psiquiatras e até mesmo o ministro luterano local, sem encontrar uma solução. Foi o ministro quem recomendou pedir ajuda aos jesuítas.

O padre E. Albert Hughes, um padre católico da região, solicitou permissão aos seus superiores para realizar um exorcismo no adolescente no final de fevereiro de 1949. A Igreja aprovou o pedido de Hughes.

Eduardo Albert Hughes.
Eduardo Albert Hughes.

Durante o rito de exorcismo, Hughes amarrou Ronald à cama e começou a recitar as orações relevantes. Porém, teve que interromper o procedimento após Ronald conseguir soltar uma mola do colchão e ferir o padre nos ombros, deixando o exorcismo inacabado.

Poucos dias depois, marcas vermelhas apareceram na pele de Roland Doe. Um dos riscos formava a palavra ‘LOUIS’, o que sugeria à mãe de Ronald que viajassem para St. Louis, onde tinham parentes, em busca de uma solução para o filho.

Mais suporte é adicionado para Ronald Hunkeler

Um primo da família estudava na Universidade de St. Louis na época da crise de Ronald. Este parente colocou a família Hunkeler em contato com o padre Walter H. Halloran e o reverendo William Bowdern. Após consulta com o reitor da universidade, os dois jesuítas concordaram em realizar um novo exorcismo em Ronald, desta vez com a colaboração de vários assistentes.

O clero reuniu-se na casa de Roanoke Drive no início de março de 1949. Neste local, os responsáveis ​​pelo exorcismo presenciaram arranhões no corpo do jovem e movimentos violentos do colchão. Foram acontecimentos idênticos aos ocorridos em Maryland, onde a primeira tentativa de exorcismo não teve sucesso.

Durante esses eventos misteriosos, Bowdern e Halloran afirmaram ter notado um padrão no comportamento de Ronald. Quando era dia, o jovem parecia calmo e sereno. Porém, quando a noite caía apresentava comportamentos incomuns, como gritar e ter violentas explosões de raiva.

William Bowdern, um dos dois clérigos que realizaram o exorcismo de Ronald Doe, caso que inspirou o filme O Exorcista.
William Bowdern, um dos dois clérigos que realizaram o exorcismo de Ronald Doe, caso que inspirou o filme O Exorcista.

Além disso, Ronald sempre entrava em estado de transe, onde começava a emitir sons de vozes profundas e guturais. Os sacerdotes contaram como os objetos pareciam voar inexplicavelmente na presença do jovem e como ele reagia violentamente ao ver qualquer objeto sagrado exposto pelos participantes.

Muitos desses detalhes foram posteriormente incorporados ao filme ‘O Exorcista’.

Numa ocasião, durante esta experiência terrível que durou semanas, Bowdern afirmou ter visto um “X” formado por arranhões no peito de Ronald, que o padre interpretou como o número 10.

Em outro episódio, uma série de linhas vermelhas em forma de corda passou da coxa de Ronald até o tornozelo. Esses tipos de fenômenos ocorreram todas as noites durante mais de um mês. Certa ocasião, um X vermelho surgiu no peito de Ronald, levando os sacerdotes a presumir que ele estava possuído por um total de 10 demônios.

O exorcismo de Roland Doe em St. Louis

Persistindo na missão, os dois padres continuaram o rito de exorcismo todas as noites. Na tarde de 20 de março, a situação atingiu um ponto alarmantemente crítico.

Ronald molhou a cama e começou a gritar insultos aos padres. Os pais do jovem chegaram ao limite e decidiram transferi-lo para o Hospital Alexian Brothers, em St. Louis, para receber atendimento mais especializado.

Finalmente, no dia 18 de abril, um “milagre” ocorreu no quarto de Ronald no Hospital Alexian Brothers. Era segunda-feira depois da Páscoa e Ronald acordou com convulsões. Ele gritou com os sacerdotes, afirmando que Satanás estaria sempre com ele. Os clérigos colocaram no jovem vários objetos sagrados como crucifixos, medalhas e rosários.

Alexian Brothers Hospital em St. Louis, local onde Ronald Hunkeler recebeu tratamento.
Alexian Brothers Hospital em St. Louis, local onde Ronald Hunkeler recebeu tratamento.

Às 22h45 daquela mesma noite, os participantes invocaram São Miguel para expulsar Satanás do corpo de Ronald.

Clamaram a Satanás, anunciando que São Miguel lutaria pela alma do jovem. Sete minutos depois, Ronald saiu do transe e proclamou: “Ele se foi”. O adolescente narrou como teve uma visão de São Miguel derrotando Satanás num imenso campo de batalha.

De acordo com Bowdern e Halloran, todos os comportamentos e acontecimentos estranhos cessaram a partir daquele momento. E, apesar de ser o protagonista da verdadeira história por trás de ‘O Exorcista’, Ronald Hunkeler conseguiu levar uma vida completamente normal desde então.

A verdadeira história por trás de 'O Exorcista'

A existência do caso de exorcismo de Roland Doe teria permanecido anônima e nunca teria se tornado a base factual para 'O Exorcista', se não fosse por uma reportagem no The Washington Post publicada em agosto de 1949, que confirmou que um exorcismo realmente havia ocorrido.

No entanto, o artigo era bastante escasso em detalhes. Não especificou um nome, se Roland Doe, Robbie Mannheim ou Ronald Hunkeler, e o caso só voltou à atenção do público mais de duas décadas depois.

Quadro da versão cinematográfica de O Exorcista.
Quadro da versão cinematográfica de O Exorcista.

Em 1971, William Peter Blatty escreveu seu best-seller 'O Exorcista', baseado nos registros informais de Halloran e Bowdern. O livro dominou as listas de mais vendidos por 54 semanas e, em 1973, gerou o filme de grande sucesso.

O filme obteve considerável licença criativa com a história real, transformando o adolescente Roland em uma menina de 12 anos chamada Regan. Embora o enredo do filme se passe exclusivamente em Washington, DC e na área de Georgetown, deve-se dizer que Ronald foi hospitalizado em Georgetown por uma semana no final de fevereiro de 1949.

Embora aspectos como arranhões, gritos e palavrões no filme reflitam as experiências vividas por Ronald, existem diferenças notáveis. Por exemplo, a cabeça do jovem nunca virou completamente como a de Regan no filme, nem vomitou uma substância verde durante seus acessos de raiva, nem usou um crucifixo ensanguentado de forma inadequada.

A vida após o exorcismo de Roland Doe

Após o exorcismo, a família de Roland Doe voltou para a Costa Leste dos Estados Unidos. Uma fonte identificada como Robbie Mannheim indicam que ele se casou e teve filhos, batizando seu primeiro filho Michael, em homenagem ao santo que supostamente salvou sua alma. Se Roland ainda estivesse vivo hoje, ele teria aproximadamente 80 anos.

William Bowdern faleceu em 1983 depois de dedicar sua vida ao serviço da Igreja Católica. Walter Halloran morreu em 2005 de câncer, o último membro sobrevivente da equipe de exorcismo.

Após o episódio em St. Louis, o quarto do Hospital Alexian Brothers foi fechado e lacrado. Todo o prédio foi demolido em 1978. A casa em Maryland onde residia a família é hoje um terreno baldio, tendo sido abandonada na década de 1960.

Embora a maioria dos especialistas considere o nome verdadeiro de Roland Doe como Ronald Hunkeler, apenas uma pessoa sabe com total certeza. Thomas B. Allen escreveu um livro em 1993 intitulado 'Possessed', baseado em grande parte nos testemunhos detalhados de Halloran. Allen afirma ter descoberto a verdadeira identidade de Roland Doe, embora tenha afirmado que nunca revelará seu nome verdadeiro.

Audiolivro em fita cassete de 'Possessed', de Thomas B. Allen.
Audiolivro em fita cassete de 'Possessed', de Thomas B. Allen.

Quanto à antiga residência em Roanoke Drive, ela foi comprada em 2005 por US$165.000. 



FONTE

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